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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) 2014


Birdman e/ou A não-surpreendente masturbação retórica oportunista farrística-academicista.



Por Ted Rafael Araujo Nogueira. Nota 8



         Alejandro González Iñárritu explicita bem suas intenções desde o começo da obra. Decodificar um dos grandes problemas, um dos quais ele acredita e acusa, no cinema americano contemporâneo: a falta de alma. Uma porra. Uma ironia do caralho de uma crônica teatral lambe lambe? Por assim dizer... Não existe "alma" e vontade de fazer cinema no mainstream? Desde quando ganhar grana também não te força a fazer arte? Que diabos de alma é essa? Vamos deixar a frescura de lado, o bagaço vale a pena. 

         Não existe nenhuma espécie de oportunismo neste momentum? Na concatenação e lançamento oportuno que houvesse uma preferência para uma obra desta envergadura açambarcada com esta temática? Ou somente é pura coincidência a hipocrisia da academia em escrachar os filmes de super-heróis e o Birdman ser o porta voz disto tudo através do sarro (em excelente forma por sinal)? 

      Espertamente cerca-se de uma variedade de artífices preponderantes e partícipes do cinema comercial americano, alguns premiados pela própria academia e outros tantos vindos de blockbusters a não menos que um ano. Como se tudo isso fosse um vômito do que há de mais podre no cinema comercial e este filme seria um grito de vômito engasgado de grande parte deles. Um grito de liberdade... Aí dentro. O filme funciona como um grande sarro ao cinema indústria, mesmo que este tenha criado e financiado não somente grande parte do apuro tecnológico usado em Birdman, mas bancado outros tantos filmes "contemporâneos" Cult-bacaninhas dos não-caralhinhos voadores.

       Iñárritu é um oportunista pilantroso, que da sua zona de conforto, sabendo como a banda toca nos afazeres da academia, traz um material a tona capaz de chamar a atenção de forma crítica ao mainstream hollywoodiano. Por mais irônico que isso possa parecer, re-citarmos acerca das questões de financiamento. Mas ele aproveita a onda e aplica o seu material de forma competente, longe de ser uma nova criticidade escrota claro, mas confiante e constantemente divertida. Que torna-se o primordial de bom no longa, a diversão do sarro. A bagaceiragem exposta. Uma espécie de mea culpa fajuto? Não. Somente um abraço na farra farsesca que a academia escolhe politicamente de tempos em tempos e resolve abraçar pra enaltecer um tipo de cinema como simulacro de cosmopolitismo. Não engana a muitos, porém continua seus afazeres escrotos.

        A surfada nesta onda de presepadas nos brinda com uma putaria divertida nas mãos de figuras como Keaton bicho-grilo-avoante, Edward Norton (auto-interpretados que se diga de passagem) entre outros. Sempre cuspidores de avacalhos de obras similares das que participaram. Estes dois fizeram "Need for Speed" e "Incrível Hulk" só pra lembrar de alguns trabalhos. Isto significa um sarro divertido. A hipocrisia parte da academia e sua empáfia de querer ditar ritmos? Uma porra. Os filmes donos das salas de cinemas bancam a indústria. A academia só faz uma crítica a si no brinca. Simulacro galera. Iñárritu aproveita o embalo e empurra o pau.

Birdman fornece maracutaias.

       Tecnicamente malabarístico em seus planos-sequências difíceis compostos com uma estupenda fotografia de Emmanuel Lubezki, que traz a tonalidade certa pela profusão esculhambatória proposta além de fornecer a trucagem malaca nos cortes. Quebras na quarta parede como figurações estéticas acadêmicas, brincadeiras com o diegético e o não-diegético da trilha incidente minimalista. Nesta ainda temos a vagabundagem de um tema choroso na emoção na ludicidade final. Farra pura(?!). Estes malabarismos funcionam, ironicamente, como pontos de masturbação, tal qual como efeitos visuais de um filme de quadrinhos. Bagaceiragem. Iñárritu pilantroso mesmo. Oportunista sorridente. Ou uma inesperada percepção de uma obra farreabundística?

       Logicamente há espaço para a vertente da "verdadeira arte". Uma bosta este termo. Como se o cinema necessitasse de uma solução, como se estivesse em coma, ou no esquecimento, tal qual o Birdman. E esta solução viria de uma espécie de teatro incólume e icônico que personificasse o creme de la creme do que significa a constituição de uma obra de arte. Um local dos grandes artistas? Despidos de preconceitos e amarras... Não tem presepada e/ou mainstream no teatro? Só existe o cultuado contemporâneo realístico? Então os atores de hollywood nem pisariam lá né? Invocada esta percepção ser concatenada com atores da indústria. Aqui o filme funciona e cresce. Um misto de arrogância com sarcasmo. A figura crítica de teatro representando toda parcela de uma raça escrota não somente do teatro, mas de quaisquer artes que sejam, nos quais alguns destes cidadãos se imbuem dos crivos de apontamentos do que deve ser visto ou não. Aquela tendência a ser esquecida. Fodam-se. “Boyhood” é uma porcaria que deve ser vista e não deixa de ser arte. Mesmo sendo uma merda arrogante, pedante que trata o espectador como um imbecil desmembrado. Coisa que Birdman não compactua de forma contumaz como nesta jumentice.

A dialética esculhambatória de Iñárritu causa interesse.

       Este filme pautado por um processo auto-rotulado de cult-bacaninha-revolucionário acaba-se no apontamento das tonalidades propostas na obra teatral de Riggan e na proposição que sua vida de elocubrações sarcásticas e escolhas díspares (algumas tantas em função da transformação do figura em celebridade com na fuleragianesca trajetória de Keanton) com foco na sua localização strictu sensu metalinguístico. Toma-se bem como uma diversão baseada no sarro, não inovadora porém. Porra, John Waters já avacalha o cinemão americano desde os anos 70, John Carpenter desde os 80. Estes dois ainda produziram pérolas execradas pela alcunhada crítica especializada. Waters faria “Cecil B. Demented” em 2000, altamente criticado e Carpenter cometeria a obra-prima “Fuga de Los Angeles” de 1996 com uma farra com 60 milhões só por pura putaria. Isso pra não citar material tupiniquim dos nossos mateiros de florestas urbanas escrotas em “Bandido da Luz Vermelha” do Sganzerla e “Bang Bang” de Andrea Tonacci, onde os avacalhos destes últimos imbuem-se de um estraçalhamento além da questão narrativa com embasamentos políticos e estéticos radicais. Birdman é uma obra bacana que diverte. Revolucionária? Não, longe disso. Oportunista e esperta pra caralho. Arrogante e hipócrita por vezes, mas funciona no sarro. Tratar o filme como revolução crítica de um novo acordar é uma puta palhaçada, que não conseguira seu intento, caso tenha sido este, talvez por parte daquela academia não-farreabunda em suas premiações e na demagogia oscarizante. Nosso diretor nem reclamou e ainda soltou um comentário sobre imigrantes em seu discurso de posse da premiação (oscar) deste ano. O que sobra dessa onda de presepeiros do cinema moderno? Um filme curioso, divertido e malabarístico somente. 

       Ainda permanece é uma academia que gira, se retorce mas não sai do conservadorismo sepulcral, vivendo disfarces aqui e ali pra promulgar o seu tipo de cinema. Defende o seu rabo querendo arrombar outros. 

       Entre podridão e cheiro de cebola azeda fornece-se filme de mala. O pilantra que, quando jovem mancebo, joga a arma no jardim quando a polícia passa procurando, mas um malaca com grana, não é usuário de crack do pobre lascado, só vai na cocaína purinha do playboy. Possui grandes advogados, não é um perrapado. Um escroto com balas nos bolsos e amigos nas altas rodas das estirpes brancas não-transgressoras que o deixam dançar e saracotear sua fuleragem enquanto muitos acreditam que uma nova fase do cinema vem aí. Deixa o cara frescar. Viçar... A Disney e a Warner em reclamam. Os vampiros-fadas, os feiticeiros juvenis, os robôs gigantes e os heróis de colant colorido continuam sapateando nas verdinhas. Novamente Michael Bay só gargalha.