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sábado, 2 de abril de 2011

A Contradição contra a Truculência

Eu acho engraçado como certos "críticos" entram em contradição de uma maneira tão estúpida e de fácil percepção para quem acompanha algo sobre certos filmes. Sem enrolar mais falo de Tropa de Elite (2007) do diretor José Padilha que retrata a sua maneira, a luta contra o tráfico de drogas e a corrupção policial existente. A contradição ficara evidente no momento em que percebi que alguns dos mesmos idiotas que criticaram seu filme anterior (Ônibus 174) de ser uma defesa a marginalidade do seqüestrador, chamaram o Tropa de Elite de Fascista por, exatamente, tratar alguns favelados como marginais. Ora porra!
          
           A minha crítica é mais um pequeno desabafo acerca de uma parcela dessa raça escrota de críticos cinematográficos. Muitos deles ainda vivem nos anos sessenta onde imperava a censura, e pra mim o que o Padilha fez foi o que um Glauber quis fazer e não pôde por causa da censura. Uma crítica contundente feita pelo Padilha é ainda mais forte no segundo longa Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro. O problema do período cinemanovista é exatamente sua maior qualidade, se não houvesse censura e a imbecilidade ditatorial será que os cineastas daquele período teriam se debruçado a compor tais obras de cunho político tão forte? O Padilha teve a sorte de ter a liberdade que quisesse e lança mão de uma das melhores críticas que já vi neste seu ultimo filme. Que fique claro, o filme mostra que a violência contra a sociedade funciona sim, mas de certa forma, como um paliativo. Um governo censurador não progride de maneira eficaz por muito tempo, alguém sempre acorda, o filme não retrata a violência como uma coisa boa sem precedentes. Quem acha isso, fala pro Nascimento e pro Matias.

          É sempre difícil respeitar uma opinião contrária ao que temos como nível de qualidade, mas certas vezes palavras sem fundamento são colocadas apenas pela indignação de certos indivíduos pela exacerbação de uma obra, que estes filhos da puta afirmam que estes elogios a obra que criticam são maneiras a se causar um esquecimento de obras anteriores e acabam por citar diretores do cinema novo, cinema marginal e o escambal. Porra, o fato de o Tropa 2 ser um grande filme não vai denegrir outras obras não. Pelo contrário, pode até enaltecê-las. Ora, quem viu o filme sabe que muitas idéias de crítica social estão presentes desde os já citados anos sessenta que foram embutidas na obra. Logicamente alguém vai esculhambar a truculência do Nascimento por exemplo, mas para um publico mais exigente como o nosso o choque será maior caso o personagem seja tratado assim. E essa truculência sempre mostra seu preço.

          Tenho uma enorme admiração por quem pretende viver sem concessões, e que apesar das dificuldades que lhe são impostas continue a lutar pelo que acredita combatendo tudo e todos para se manter vivo e alerta. O Tenente-coronel Nascimento transcende o heroísmo, ele se doa como protetor de uma sociedade hipócrita, que sua burocracia corrupta utiliza-se cada vez mais de suas "articulações de interesses escrotos" (como é dito pelo próprio Nascimento) para manter a população como um bando de cachorros aguardando ordens esperando que alguma coordenação social vá emergir daquele emaranhado de ladrões. Vã esperança. Mas o que seria deles sem essa esperança? Nascimento tenta, a sua forma, dar esta esperança a eles, mas percebe que o caralho do sistema é muito pior do que se imaginara.  Um personagem de tal composição, densidade e força representa o cinema brasileiro e o cidadão brasileiro. Sua luta de maneira contígua, independente das conseqüências a que isso acarrete, é louvável, visto que muitos brasileiros honestos lutam pelo bem estar social contra essa corja de verdadeiros vagabundos de colarinho branco que nós os denominamos como representantes de nossos interesses. A culpa é nossa sim e dizer esta obviedade não cabe mais a uma perda de um tempo maior aqui.

          Sou a favor de todo tipo de cinema que é feito, pois a arte não deve ter limites. Sempre há um publico a ser atingido, se uma pintura é idiota e incompetente, ótimo, é uma opinião, mas quem sou eu ou um de vocês que pode dizer que ela não deveria existir? Foda-se este pensamento quadrado. Quando falei inicialmente de alguns críticos que moldavam suas frases contra certos aspectos dos filmes citados, tive a vontade de tecer algumas palavras exatamente porque a liberdade artística é algo a ser apreciado, independente do que se deve pensar acerca de outras obras. Que o conjunto cinematográfico deva se expandir e não se criar um nicho representativo por idiotinhas pseudocríticos de merda.

2 comentários:

  1. criticar a arte é uma coisa filha da puta. criticar quem critica é uma coisa puta da filha. continue o blog

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