Postagem em destaque

1964: O Brasil Entre Armas e Livros (2019)

Documentário revisionista que busca impor uma narrativa histórica própria que deslegitime a vasta bibliografia sobre o tema, consid...

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Star Wars episódio VII - O Despertar da Força (2015)



Star Wars episódio VII - o despertar da força. Mais parece que a força não despertou e está com preguiça de acordar. Uma puta ressaca.

Por Ted Rafael Araujo Nogueira

Direção: J.J. Abrams

Sinopse: Cópia do episódio IV.

Saudosista, cheio de referências e respeitos para com a trilogia original, tão religiosamente respeitada pelos fãs xiitas ou não. Personagens icônicos reapresentados para o apelo nostálgico somente (Léia que o diga) em tela, excelente apuro visual. E o que mais, além disso? Nada de novo no front.

Star Wars VII só corrobora que Abrams é mais um na multidão com trejeitos de fã e algumas qualidades técnicas para a ação aqui e ali, porém não consegue sair da homenagem/autoplágio da saga para algo mais novo (ou pelo menos convincente) e palpável, com roteiro que vá além do ordinário, como este último não o faz, diga-se de passagem. A preocupação do cara em cultuar a série o fez esquecer-se de transpor uma narrativa mais coesa e minimamente original e interessante. Competente ao menos. Não ficou nem no quesito de reciclagem, virou uma cópia descarada do primeiro filme de 77. Senti falta do George Lucas mais corajoso e inteligente da trilogia dos anos 2000, que tem suas falhas sim, mas é infinitamente superior em termos de direção (apesar dos excessos), narrativa e roteiro, pra ficar somente nisso.

Um filme com ação competente dentro do universo. Nada mais.

Porra mesma conversa de estrela da morte de novo, terceira vez e com aquele ponto fraco clássico pelo meio da estrutura e tal... Próximo filme nova arma. Constelação da morte ou universo imortal? E a porra do nome dessa última? Starkiller... Homenagem ao suposto segundo nome de Luke, antes de Skywalker, mas serve como alcunha imbecilóide e infame. E que resistência fuleragem. Ganha a guerra do imperador e do Vader, mas não conseguem descobrir mais nada sobre a nova estrela da morte. Porra Léia. Aliás, Diabo... Resistência infinita... Déjà vu fuleragem. Além de não ter competência pra trazer a democracia à baila nem prestou atenção no rejuvenescer da ala imperial radical alcunhada de Nova Ordem. Esta por si só é uma aberração unilateral nazifascista mal explorada. A ideologia de compor um treinamento escroto e radical em um stormtrooper desde idade tenra é interessante que abre para um mar de perspectivas de aprofundamento destes personagens, pena que tudo ficou basicamente no plano teórico (usufruto seboso para o piadista Finn). Esta questão foi muito melhor aprofundada em o “O Soldado do Futuro” (1998 de Paul Anderson). A composição do discurso da Nova Ordem a La Hitler é de fazer rir de tão genérico e estúpido. George Lucas não é um cara de grandes sutilezas, mas sabia como montar estratégias na composição de seu universo na concatenação maniqueísta de heróis e vilões com seus subterfúgios que funcionavam bem. 

Matizados. A personagem Rey, por exemplo, do nada já sai metendo a chibata em todo mundo sem ter a porra de treinamento algum, mas a força dialogou com ela. Aí dentro. Nunca o subterfúgio do uso da força foi tão óbvio, superficial, avulso e idiota como nesta personagem, que chora de 5 em 5 minutos buscando a empatia do público de forma forçada. E olhe que a atriz é até boa. Finn. Que cacete de personagem tapa buraco besta é esse? Um alívio cômico medíocre que não funciona de forma alguma e serve como mulambo pra ser jogado de um lado a outro na narrativa sem consistência alguma. E tinha um puta potencial como o stormtrooper refugiado, porém é um zelador que sabe como destruir toda uma estação espacial. Ok. Uma pena, diante de toda a conjuntura gerada por um personagem negro (que gerou debates e comentários racistas imbecis) ter grande destaque numa saga tão absurda e ser o bobo da corte. Até a morte de Han Solo (Ford como o Mestre de sempre dando um ar de humor mais anárquico diante do humor infantil que é dado ao longa), vendida como ato de coragem de seu diretor, vira mera cópia da morte de Obi Wan, não antes que Rey veja isso tal qual Luke vira a morte de Obi Wan, se manque J.J. Além de ter perdido uma grande oportunidade em ter um conflito ideológico/familiar entre pai e filho com alguma envergadura de consistência narrativa. Kylo Ren. Menino mimado, com treinamento até avançado que leva uma surra de uma iniciante, que nunca tinha pegado em um sabre de luz. Definição bem óbvia. O Anakin de George Lucas nos episódios dois e três foi infinitamente melhor desenvolvido (dois atores ruins quase que em pé de igualdade). Tem um exagero desses mimos em Kylo Ren, mas ainda há um potencial pra ser trabalhado. E olhe que achei até legal e curioso ele não ser deformado como o Vader, mas o Abrams nem nisso não se livra do repeteco e dá a ele uma cicatriz na cara ao fim do filme, para ter um arco dramático mais próximo ao de Vader. Putz... O fato de ele ser inexperiente, em transformação causa interesse, pena que não cresça tanto além do jogral teórico. A perspectiva é que a saga cresça nos contornos deste personagem, se formos muito otimistas, e no tratamento que será dado em Luke Skywalker. Provavelmente a acomodação poderá tomar conta de tudo. Supremo Líder Snoke, este parece uma cópia simples de Darth Sidious, mas pode ter um truque guardado na manga diante de toda sua aura de mistério. Pode vir a ser o Darth Plagueis, que treinara Sidious e supostamente teria sido morto por este último, porém que com sua manipulação da força pode ter sobrevivido. Porém esta é uma conjectura muito otimista também. Pelo que fora feito neste filme nada dos episódios I, II e III seria levado em consideração. Fiquemos na torcida. 

A parte técnica merece respeito, neste quesito o simbolismo na tentativa de um resgate visual da trilogia original funciona bem. A fotografia suja, a direção de arte detalhada relembrando ambientes anteriores, como na reconstituição da Milleniun Falcon traz aqui uma boa homenagem. Os efeitos visuais e sonoros primorosos, que impressionam pelo realismo. Destaque para o plano-sequência de combate em perspectiva à figura de Finn por nave pilotada pelo personagem Poe Dameron. Porém tudo aqui na obrigação por competência. Trilha sonora sem grande destaque, somente a reutilização de temas conhecidos do mestre John Williams, que fora isso não criara algum tema novo que se destaque. 

No saldo geral perde-se em suas homenagens e traz um material repetitivo por demais que não chega a ser competente como obra completa e sim, somente, com destaque na parte técnica e no bom usufruto de algumas simbologias nostálgicas nas figuras de Han Solo, Chewbacca. Pouco para o que prometia. Os fãs xiitas esperneiam, mas a ideologia política tão bem explicitada nos episódios I, II e III fez falta, assim como este usufruto não tão forçoso nos episódios IV, V e VI. A inovação técnica, a coragem inicial de Lucas, apesar de querer grandes arroubos era demais. Aqui há somente um estudo esperto de produto vendável sem propor passos mais sagazes para a sétima arte. Um produto que visa a emoção fácil e a diversão barata. Já funcionou pelo lucro que obteve. 

Star Wars serve como prova da falta de criatividade do maisntream americano. A filosofia preconizada por George Lucas e que rendera um monstro artístico de proporções e tentáculos absurdos foi diluída a um produto capitalista por demais simplificado em sua constituição artística. Logicamente que os outros tinham esta prerrogativa, mas Star Wars diferenciava-se sempre pelo apelo de seus personagens formidáveis, por mais que a questão maniqueísta estivesse na cara, de forma competente. Isto sem comentar, novamente, na coragem de denotação ideológica política de alguns filmes. Tudo isso foi jogado fora somente para uma adesão masturbatória os arquétipos estabelecidos pela saga. Pouco. Agora sabemos que em termos de sci-fi não podemos cobrar demais de Abrams. Neste filme o cara se mostrara como mais um nerd com alguma qualidade que tinha um puta material que criou um caça níquel competente. Já nasceu fazendo dinheiro e diverte aqui e ali, mas é meramente esquecível, infelizmente. Diversão passageira, cheia de furos por sinal. Como obra cinematográfica, mesmo no quesito diversão pura e simples ainda fica atrás dos outros. 

O mais fraco da saga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário