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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014)


Uma batalha intensa, absurda e idiota. Thorin é um imbecil mal construído. Ele morre e todos choram. Fim. Assim termina este grande arremedo de cinema. Barulho sem um conceito mínimo que suportasse metade do que se vê. Besteirada

Filme dirigido por Peter Jackson.    NOTA: 4,5

Terceiro e decisivo/esperado episódio desta, que é a trilogia que visa encaixar-se à Senhor dos Anéis.

Agora os anões sob o controle de sua montanha, após Smaug escafeder-se de lá, tem de se preparar para uma batalha que envolve humanos, elfos e orcs pela sua montanha por algumas motivações em sua maioria escusas.

Isso já resume bem o roteiro deste arremedo de filme. Este aqui prova que Jackson realmente só queria fazer 2 filmes. Mais parece uma colcha de retalhos de estrutura amplamente falha. Lutas encaixadas umas nas outras na marra, ganância mal formatada de Thorin e um bom embate que mostre o crescimento de Sauron. E é só.

Muito mais no mesmo em alguns embate e frases feitas à semelhança de SDA mas sem chegar nem perto do mesmo impacto. Em SDA onde a batalha impressionava pela grandiosidade e pela qualidade em como tudo era encaixado esta aqui é uma repetição dos bons momentos de SDA sem vínculos que realmente a justifiquem por si mesma. Até é tentado algo neste aspecto. Mas o simplismo reina. O elfos querem algumas riquezas e os humanos também, estes últimos pelo menos querem se reestabelecer diante dos anões que soltaram o Dragão que destruíra a cidade do lago próxima a montanha. Os orcs, aqui sim uma boa sacada mesmo que explanada rapidamente, querem a montanha para além das riquezas uma posição estratégica para os domínios ao leste, isto já como parte dos planos futuros de Sauron em SDA.

Antes de adentrar mais nestas searas é interessante dar uma pincelada final do idiota poderoso Smaug. Agora saído da montanha passa a destruir a cidade próxima com toda sua fúria e poder até ter o discurso final com Bard e ser morto por ele. Mesmo que rapidamente aqui Smaug funciona mais do que com sua filosofia de bodega, porém tudo ocorre muito rapidamente e nem nos dá o tempo certo de se apreciar o que poderia ter sido um ótimo personagem. Vai ficar no campo eterno das conjecturas. Mas ainda nos deu tempo do discurso final arrogante e tapado que dera tempo de Bard improvisar um arco e matá-lo. Aqui Jackson foi coeso. Um personagem imbecil morto por sua imbecilidade. Merecia bem mais que isso desde o segundo filme.

Eu cito bastante Senhor Dos Anéis, principalmente neste terceiro, porque são exatamente os pontos relacionados a primeira trilogia as qualidades deste último filme, pelo menos a massiva maioria destas referências. Como exemplo lembrei de toda a sequência envolvendo Sauron e Gandalf aqui, que recebe a ajuda de Galadriel, Saruman e Elrond em uma luta interessantemente bem beita contra o exército dos 9 mortos de Sauron. Tudo isso com direito a uma ótima deixa de Sarumam em relação a todo o embate e as circunstâncias do perigo de tal situação e o que suas decisões influenciariam no futuro da Terra Média. Pode até parecer em algum momento gratuito ou somente para fazer os fãs babarem, mas comigo funcionou ao encaixar com a outra trilogia, uma espécie de fuga diante de tanta besteira neste último.

Um bom ponto para Jackson foi o crescimento de Legolas neste filme, que além de sua ação sempre exacerbada e usada de maneira competente o personagem agora revela algumas camadas menos ríspidas que viriam a servir para o aprofundamento de seu personagem e no que ele seria adiante nos filmes cronologicamente posteriores. Positivo este ponto na utilização dele por seguir Tauriel que estava atrás de seu romance brega proibido. Serviu pelo menos pra isso o romance (que termina dramaticamente com a morte do anão e o choro de Tauriel, beleza Titanic).

Agora a batalha em si como o usual é bem feita, tem seus momentos de tensão (alguns) e repetição (elfos ajudando em cima da hora, vide SDA 2 Torres) de sempre. Aqui a confusão de tudo é mais tranquila de controlar pela diminuição do espaço geográfico. Mas nunca empolga pra valer, quando não é mais do mesmo simplesmente não empolga por si só. Jackson ainda tenta focar em combates mais intimistas, o que é bem positivo diante de toda a falta de ineditismo e empolgação que se prometera. As lutas entre Legolas vs Bolg e de Thorin vs Azog ganham espaço neste sentido. Mas grosso modo a batalha em geral soa cansativa por existir por si só sem que hajam motivações mais interessantes para havê-la. Sim. O problema de um filme de 2 horas e 25 é falta de tempo para os personagens.

Bilbo pelo menos está bem constituído sem grandes esforços e o resto no pleno automático. Bard pelo menos se mostra com o grande personagem deste filme juntamente com Legolas (engraçado que este nem aparecia no livro O Hobbit) que além do primeiro matar o dragão assume a liderança dos humanos de forma mais próxima possível a uma saída da unidimensionalidade geral. Outras figuras imbecis pairam como o assistente do Rei da cidade do lago que tem como mote o alívio cômico, porém além de não ter graça é totalmente inúltil e uma imitação exagerada e fajuta de Gríma Língua de Cobra de SDA. Um autoplágio imbecil de Jackson.

Thorin. Aqui o destaque é jogado em suas costas e aqui é onde o filme falha miseravelmente com uma apressada constituição doentia da ganância de uma figura. Como se a entrada na montanha o transformasse num tapado doente sem escrúpulos e vingativo e tudo bem depressa. Um malfadada tentativa de repetir a metáfora da ganância humana que é tão usada nos 6 filmes, e neste é onde exatamente monta-se seu maior fracasso nessa questão. Difícil cair na desculpa esfarrapada de "doença do dragão" para justificar uma derrocada narrativa. Que diante de uma alucinação o velho Thorin auto importante volta da ganância abusiva pra consertar tudo. Clichê, burro, fácil e idiota. Vendo seu retrospecto só se justifica a jumentice. Enquanto que em SDA Boromir já era um cara ganancioso por construção de sua constituição moral e falhara em seu intento e Frodo levaria três filmes pra se transformar e ainda assim permanecer ficar bastante confuso ou então o vício homicida pelo anel por Gollum sempre bem concatenados, mas Thorin mais parece um idiota unidimensional que no último minuto alucina e tem uma luz para a sabedoria e liberdade dos grilhões da ganância. Uma presepada irônica talvez. Mas fiquei por acreditar em ser estupidamente construído mesmo. Analisando este aspecto como um todo é impressionante como Jackson não buscou um trato maior a este personagem e a tantos outros tamnbém, para no mínimo finalizar a coisa de modo tragável. Este arremedo de barulhos e imagens caberiam melhor como sendo pedaços dos 2 primeiros. E olhe lá que nem alguns destes pedaços se salvam.

Onde o aparato visual sempre ajudara a compor tudo o que fora planejado por Jackson sempre com um mínimo de composição narrativa por trás este terceiro peca miseravelmente por ser apressado em mostrar somente a batalha (onde seus melhores momentos são as batalhas intimistas e não os planos gerais e fechados desta grande batalha) sem ter pontos narrativos que minimamente a segurassem. Tendo como qualidade somente a lembrança e renitência de citações dos filmes posteriores/anteriores. Cumpriu a função de lembrar-nos de Senhor dos Anéis e propõe um encaixe de tudo, mas é só. Eu defendo alguns pontos dos outros 2 filmes desta nova trilogia por ainda terem um mínimo de história a contar, mesmo que fosse relegada a algumas falhas, mas aqui é claro demais a ganância pela grana dos estúdios (sem choro), tipo o Thorin, ganancioso idiota dono da montanha. Tá certo. Estão ricos e comandando a parada, mas que pelo menos tivesse alguma qualidade. Mas pra que? o Primeiro já pagou os 3, o segundo tinha algo a contar, o último foi só o sumo dos outros 2. Como filme é um arremedo do que poderia ter sido. Como indústria da fomentação de lucros Peter Jackson está limpando as lágrimas com cédulas de 100 com as críticas negativas (coisa que o Michael Bay já faz há tempos). Mas como filme é uma fuleragem.
Por Ted Rafael Araujo Nogueira, em 08/01/2015