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sábado, 15 de março de 2014

Tron O Legado 2010

Continuação de filme cult-obscuro da disney de 1982 ( Tron - Uma Odisséia eletrônica ) TRON - O Legado trata de contar a história de um filho em busca do pai preso em um jogo, numa dimensão cibernética. 

Este filme, ao contrario dos que assistiram este e não o anterior, mostra como Kenvin Flynn( Bridges ) ficara preso em uma dimensão digital, conhecida como A Grade. Ao que consta após os eventos do primeiro longa Flynn acredita que pode mudar a humanidade com suas descobertas acerca da tecnologia e sua ligação com o ser humano através dos programas. Ao tentar entrar de novo no jogo Flynn acaba aprisionado por 25 anos. O filho, Sam Flynn, após descobrir um porão de controle de onde o pai havia entrado no jogo, acaba por ser aprisionado também, e então ao adentrar na Grade começa a busca por seu pai.

O roteiro trata de temas como cibernética empírica, numa experiência do ser humano entre programas criados por ele. Tema abordado de maneiras diversas como 2001, Exterminador do Futuro e Matrix, o que se assemelha mais um pouco a este último no que tange a uma viagem intríseca à alguma outra dimensão, logicamente, sem a filosofia envolvida na obra de 1999. 

O que percebi em TRON foram certos elementos colocados de forma sutil, como a divinização de um ser devido a crença de alguns ( como aqui fora as religiões fazem tanto esforço para tal ), e como um programa feito em busca da perfeição pode conter sempre falhas acopladas nele, para exemplificar cito a o programa TRON que acabara por lutar pelos usuários, como fizera anteriormente, ao invés de prosseguir com sua caça aos mesmos, como deveria ter sido reprogramado por CLU, talvez. Outro tema abordado fôra a condição de criador e criatura, que põe Flynn com o poder de destruir CLU e a existência do universo paralelo em si, mas Flynn não consegue por esperança que algo saia daquelas fronteiras com o intuito de causar um aprendizado nos humanos em termos tecnológicos e também por simplesmente o criador ter orgulho do que fizera mesmo após todas as vicissitudes encontradas.

Tempos depois resolvo por um ponto tão claro que me passara despercebido ao escrever esta crítica. Burrice com leseira ou é tão claro que deixei pra por depois? A problemática da relação entre pai e filho que desde o início mostra-se tangível e verossímil. Onde Flynn busca a salvação de seu mundo externo mesmo com seu filho preso com ele mas não resiste ao fato de vê-lo preso em perigo. Com a paternidade precípua como força e tendo seu filho como legado e criação, defende-o diante de qualquer vicissitude. Até mesmo ao final sacrificando-se para o bem de seu filho e de uma merecida transformação cultural, religiosa, tecnológica ( e tantas outras) fora do cyberspace.

O visual de TRON - O Legado fôra o carro-chefe divulgação do filme. E é inevitável não falar de tal aspecto num que filme molda-se quase que completamente através deste atributo. O diretor e os produtores foram espertos ( e repetitivos ) ao enxergar que o visual seria o principal elemento do longa, obviamente isso já era previsível, mas o tema foi tratado com cuidado suficiente. Este visual, em si, mostra-se maravilhoso, desde os planos muito bem trabalhados ligados a uma excelente montagem, e visualizados a uma magnífica fotografia, monocromática, adequando-se perfeitamente ao clima desejado. Aliados a efeitos especiais incríveis que produzem cenas que proporcionam momentos memoráveis, como a corrida de motos e a perseguição final. A criação digital de CLU ( um Jeff Bridges de 35 anos ), ficara satisfatória, e sim, beneficamente artificial, diferenciando mais ainda, além de psicologimente, CLU de Flynn. Alguns cenários devem ser citados favoravelmente ( Nem tudo era totalmente digital), como o apartamento de Flynn e a Boate de Zuse. O figurino, assim como no filme anterior, aliado à maquiagem, são boas atrações ao filme que moldam de forma até rebuscada alguns personagens da trama.

A direção a cargo de Joseph Kosinski, um diretor de clipes que prima pelo aparato visual, foi uma decisão acertada, visto que ele não tirara o brilho do filme e manteve um clima por vezes frio na narrativa e nos personagens, o que considero positivo em sua maioria. Ora, os programas se mostram com alguns sentimentos, mas embrionários como se percebe, visto que foram criados pelos usuários e tratados como um avatar de cada em certos momentos. Isso climatizara o longa de forma fria. 

O que me impressionou tanto quanto o visual foi a trilha sonora composta pelo Daft Punk. Pouca vezes pude contemplar uma trilha tão densa e tão encaixada com a obra em questão. Cito a nível deste encaixe semelhante Matrix, novamente, e Blade Runner, que possuem tambem trilhas sonoras maravilhosamente bem encorpadas, por coincidência ou não os 3 filmes possuem elementos mais eletronicos em suas trilhas.

O trabalho dos atores se mostra coeso e sem contra-indicações desde a atuação dupla do sempre bom Jeff Bridges à interessante e esquizofrênica performance de Michael Sheen, que se diverte como Zuse, persona que relembra algumas facetas de David Bowie.

Primando mais pelo visual do que pela história, que também causa interesse, TRON mostra-se como uma imersão visual cinematográfica impecável de alta qualidade com imagem e som se adequando perfeitamente e não tratando o espectador como um idiota, como tantas outras obras do mainstream americano e mundial nos fazem parecer.

Nota 7

Por Ted Rafael Araujo Nogueira